Artigo: O rádio digital brasileiro pode morrer antes de nascer
- Realizado Encontro da Abraço em Três Palmeiras
- Programa de rádio comunitária paraibana ganha prêmio do Ministério da Cultura
- Rádios comunitárias participam do Conselho de Rádio Digital
- Artigo: O rádio digital brasileiro pode morrer antes de nascer
![]()
Foram discutidos vários assuntos de interesse dos gestores das rádios comunitárias, que integram a Abraço regional Frederico Westphalen /Palmeira das Missões, como, avaliação de atividades realizadas pela regional e planejamento de ações para sempre melhorar o trabalho das emissoras comunitárias da nossa região que se destacam nas comunidades em que estão inseridas.
O próximo encontro será realizado dia 1° de dezembro na cidade de Vicente Dutra.
Informações; Rádio Comunitária Liberdade FM
|
![]()
O programa “Resenha Cultural” foi apresentado até meados de 2011, quando saiu do ar por motivo de escassez de recursos para a produção. Enquanto esteve no ar, o programa foi conduzido com muita propriedade por um grupo de rapazes e moças monitores do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar, que participam das oficinas de rádio comunitária. “Nosso objetivo é formar comunicadores e ao mesmo tempo informar à população sobre as ações do Ponto de Cultura”, disse Fábio Mozart, Coordenador do Ponto de Cultura. Para ele, esse prêmio veio reconhecer o trabalho do Núcleo de Audiovisual do “Cantiga de Ninar”, especialmente o jovem cantor, compositor e locutor Wagner Lins, em nome do qual o projeto concorreu ao Prêmio Agente Jovem, a partir de sua atuação na equipe de produção.
“Divido esse prêmio com toda a equipe do Núcleo de Audiovisual do “Cantiga de Ninar”, especialmente às companheiras Joelda Fidélis, Clévia Paz, Das Dores Neta, Adriana Felizardo, companheiros Val, Vital Alves, Fábio Mozart e Marcos Veloso”, disse Wagner. A técnica de som ficou a cargo de Ivo Severo Filho. As gravações de algumas edições do programa podem ser ouvidas no Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=P0j5cUXZCwg
O Projeto Agente Jovem de Cultura pretende reconhecer 500 jovens entre 15 e 29 anos no Brasil, que atuam e trabalham em suas comunidades com ações culturais nas categorias de comunicação, articulação e mobilização cultural; cultura e tecnologia; pesquisa, acervo e diálogos intergeracionais; formação cultural; produção e expressão artística e cultural; intercâmbios e encontros culturais; cultura e sustentabilidade.
A Rádio Comunitária Rainha de Itabaiana opera na frequência 87.9 MHZ há dois anos na cidade, com boa aceitação dos ouvintes.
FOTO: Wagner Lins e o ator Normando Reis no programa “Resenha Cultural”
Informações: Rádio Comunitária Zumbi dos Palmares
|
![]()
O Conselho é composto por 19 membros, sendo sete de órgãos públicos e oito da sociedade civil e quatro do parlamento. Ainda há observadores da Federação dos Trabalhadores de Emissoras de Rádio e TV (Fitert), Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares em Comunicação (Intercom) e Sociedade Brasileira de Engenharia e Televisão (Set). Segundo o vice-presidente do Conselho, Octávio Pieranti, do Ministério das Comunicações, o órgão debaterá sobre serviços, política industrial, transmissão e padrão tecnológico; possui três comissões (Política industrial, Inovações tecnológicas e Análise e acompanhamento dos testes técnicos) e serão avaliados dois padrões: IBOC (estadunidense) e DRM (europeu). O Conselho realizará mais três reuniões em 2012. O presidente do Conselho, Genildo Lins, afirmou que a posição do Conselho sobre o padrão deve ser a mais rápida possível.
O Modelo de Rádio Digital Brasileiro não será excludente, segundo Pieranti, mas conviverá indefinitivamente com o rádio analógico, dado a heterogeneidade do meio. Conforme ele, o órgão poderá indicar um dos dois padrões, como contraindicar ambos. “A decisão, no entanto, será da presidência da república que levará em conta questões econômicas e diplomáticas. Nossa posição do Conselho e do Ministério das Comunicações será predominantemente técnica”, disse Genildo Lins. Segundo Ismar, a Abraço preocupa-se que as rádios comunitárias possam ser excluídas ou marginalizadas do processo de digitalização, aumentando o fosso tecnológico entre grandes e pequenas. Para Jerry Andrade da Abraço SP é necessário garantir através de mobilização social a participação das rádios comunitárias e da sociedade para que isso não aconteça e possa ser construído um Sistema de Rádio Digital Brasileiro.
Informações: Abraço – CE
|
Desde 2006, o governo brasileiro adotou o padrão ISDB-TB de TV Digital, que permite convergência, interatividade e multiprogramação. Mandar a opinião, votar em enquetes, assistir outros programas no mesmo canal e até mesmo acessar a internet, através do aparelho televisivo, são possibilidades dos espectadores neste modelo. No entanto, tudo isso parece mais cena de ficção futurista do que realidade. O explícito boicote das emissoras aos recursos digitais e a ausência de regulamentação governamental revelam que a TV digital brasileira ainda inexiste, senão como canais HD (alta definição de som e imagem) porque o interesse empresarial, que predomina também no Ministério das Comunicações, tenta construir uma TV com menor custo, maior lucro e uma audiência concentrada em poucos canais, o mais passiva, acomodada e disciplinada possível.
O rádio digital corre o risco de repetir a fatídica situação. Com atraso de, pelo menos, cinco anos, o governo federal ainda não definiu seu padrão (IBOC e DRM são os principais concorrentes), nem as diretrizes do modelo. Somente em agosto de 2012, o Ministério das Comunicações criou um Conselho Consultivo para discutir esta decisão. Composto por representantes do governo, das emissoras e dos fabricantes, o órgão tem sua primeira reunião no dia 23 de outubro. Além de atrasada, a discussão começa totalmente desequilibrada. Sem quase investimentos, o Conselho não conta com qualquer estrutura para sua instalação, sequer as condições para participação dos conselheiros é garantida. Não há subsídios para passagens, transporte, hospedagem e alimentação para quem voluntariamente prestará o serviço público de construir posições para a decisão governamental sobre o tema.
Grupos empresariais são favorecidos
Além de institucionalizar a gestão de financiamento do privado para o público, a situação favorece a inversão dos interesses sociais em particulares, dado que a falta de condições simétricas para a participação no debate privilegia os grupos empresariais. A impossibilidade de entidades como a Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (Abraço) enviarem seu representante titular por falta de recursos financeiros enfraquece a defesa de uma rádio digital popular e democrático.
Pensar este modelo é muito mais do que a escolha de um padrão e os custos para implantação. É planejar e executar uma série de medidas que possibilitem mais amplos acessos e participação no rádio digital. É muito mais do que uma questão tecnológica. É uma decisão política que deve orientar a horizontalização da produção e potencialize o uso da tecnologia. Assim, muitas questões e escolhas podem ser elaboradas. Como empoderar as pequenas e médias emissoras a produzirem conteúdo multiforme, interativo e colaborativo? O modelo irá agravar as diferenças entre os grandes e pequenos grupos radiodifusores? Como a multitransmissão num mesmo canal será distribuída? As emissoras poderão veicular diferentes programações simultâneas ou os canais serão compartilhados por emissoras educativas, comunitárias e comerciais? O rádio digital poderá ser uma forma de acesso à internet, possibilitando inclusão digital? Como os ouvintes serão preparados para o uso da nova tecnologia? Haverá orientações para sua participação mais efetiva na produção e gestão das emissoras?
A falta de condições de paridade de participação nesse Conselho revela que não há no governo disposição política de, provavelmente, debater essas questões, respondê-las e, muito menos, executá-las. Reflete também a inexistência de uma política pública de comunicações, favorecendo a força dos grupos empresariais consolidados pelo mercado de gerir, conforme seus interesses bens públicos, como a radiodifusão, que deveriam alicerçar a educação e a participação cidadãs.
Por Ismar Capistrano – doutorando em Comunicação pela UFMG, mestre em Comunicação pela UFPE, jornalista pela UFC, coordenador executivo da Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária no Ceará (Abraço Ceará) e membro titular do Conselho Consultivo do Rádio Digital]
|
0 comentários:
Obrigado pelo seu Comentario, seja bem vindo !