A CULTURA DAS TRANSGRESSÕES, O CARNAVAL E O CRISTIANISMO
Dom
Roberto Francisco Paz
Vários antropólogos tem
analisado o que se denomina cultura das transgressões no Brasil, uma
mentalidade permissiva e descontrolada que leva a descumprir a lei e dar um jeitinho
para não ser apanhada na transgressão.
O carnaval infelizmente promove em certa medida esta atitude de pensar
que debaixo do trópico não existe pecado, que nestes dias vale tudo, não
havendo lugar para a fidelidade conjugal, o respeito ao corpo e até a própria
vida.
Ao mesmo tempo devemos
como cristãos, evangelizar a cultura brasileira e resgatar os valores positivos
do carnaval. Não podemos esquecer que
esta festa nasceu a sombra da cultura cristã, como véspera do tempo austero e
sóbrio da quaresma. Mais ainda, a luz da
ressurreição, o teólogo Harvey Cox
definia o ser humano como “ homo festivus”, o único ser vivo que celebra a vida como festa,
como dom de Deus. O povo mais simples,
sabe ainda discernir entre alegria e a libertinagem, consegue viver estes dias
como um momento de euforia, transbordamento e busca da plenitude, do sonho da
união e fraternidade.
Não podemos julgar a
toda uma escola de samba pelas madrinhas desvestidas e despudoradas, muitas
vezes, nesta mesma escola, encontramos a beleza do gingado, do fascínio das
cores, da harmonia na apresentação, de um enredo que promove valores plenamente
humanos. Assim como no verdadeiro samba
encontramos também, a alma humana com todas as contradições, desejos e a busca
de completude e inteireza.
É muito válido nestes
dias fazer um retiro; manter-se silencioso, ou aprofundar o mistério da vida,
no entanto como diz o Eclesiástico;” há um tempo para tudo para rir e para
chorar, para trabalhar e para descansar”;
se participarmos do carnaval como João Batista, pulando de alegria por
sentir a presença do Senhor ou como Davi dançando diante da arca; certamente
daremos testemunho, que a alegria é um dom do Espírito Santo e, que os cristãos
como sal da terra e luz do mundo tem a
graça e o poder de transformar todos os ambientes.
A única possibilidade de mudar o mundo,
santifica-lo e recapitula-lo em Cristo, é assumí-lo, purificando os
antivalores, tudo aquilo que degrada a pessoa, e firmando aquelas atitudes,
gestos e posturas da cultura carnavalesca, que já possuem a bondade da criação
e merecem ser elevadas. Que Cristo
Alegria dos homens nos conceda um Carnaval em paz, uma folia fraterna, no
cuidado responsável pela vida. Deus
seja louvado!
Bispo Diocesano de Campos
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